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Televisão

Vídeo (teaser) Netflix: plataforma adquire direitos de ‘Vila Sésamo’

A nova aquisição e parceria representa um alívio financeiro para a produtora de séries infantis, enquanto para a plataforma é um passo adiante em sua intenção de promover conteúdo familiar.


Originalmente conhecidos como Ênio e Beto, em uma imagem de 2023 – Daniel Reinhardt (Getty Images)

Depois de 56 temporadas, 3.241 episódios e mais de 250 indicações ao Emmy, a Vila Sésamo (Sesame Street em inglês; Plaza Sésamo em parte da América Latina) está mudando de local: o que provavelmente se tornou o programa infantil mais famoso da história está migrando para ninguém menos que a Netflix.

O anúncio foi feito pela plataforma nesta segunda-feira (19), explicando que Ênio e Beto (no Brasil) chegarão à plataforma ainda este ano. Em dezembro passado, a série não renovou seu acordo com a HBO Max.

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A Netflix também adquiriu um total de 90 horas de episódios antigos, que estarão disponíveis para assistir no mundo todo; A compra também lhes dá o direito de desenvolver videogames relacionados a ela. Além da plataforma, a Vila Sésamo continuará disponível nos Estados Unidos na televisão pública PBS, que a transmitirá no mesmo dia de sua estreia na Netflix, “levando conteúdo essencial de aprendizagem para crianças de todo o país gratuitamente”, explicou a Netflix em seu comunicado.

Historicamente, a Vila Sésamo tem sido uma série de televisão pública nos Estados Unidos. Estreou em 10 de novembro de 1969 , começou a ser exibida pela PBS em 1970. No entanto, as crianças do século 21 não são mais as da década de 1970; televisão, também não.

A queda de audiência e a chegada de novos formatos colocam a série em risco. Também a redução nas vendas de DVD e Blu-ray, sem falar do VHS. Isso levou a série a assinar um contrato de 10 anos, entre 2016 e 2020, para ser transmitida pela HBO.

Em 2019, Max fechou um acordo com a Sesame Workshop, sua produtora, pelos direitos de transmissão do filme, o que lhe deu uma margem de manobra financeira para seguir em frente. Durante a década, segundo a HBO, no entanto, os episódios não estavam disponíveis na televisão pública.

Parceria

O acordo é crucial para a sobrevivência da Sesame Workshop, sua produtora, que também é uma organização sem fins lucrativos. Este ano, teve que demitir um quinto de sua força de trabalho após perder acordos de financiamento e subsídios e, principalmente, desde dezembro passado, a Warner Bros. Discovery — o grande conglomerado audiovisual ao qual a HBO Max pertence — decidiu não renovar o referido acordo, que expiraria após uma década.

Segundo dados do The New York Times , a HBO pagou entre 30 e 35 milhões de dólares anualmente por esses novos episódios da série. No entanto, em dezembro, eles declararam que estavam procurando “priorizar o foco em histórias para famílias e adultos”, e que isso não se encaixava em sua nova direção estratégica.

A plataforma Max explicou que manteria a licença da biblioteca da Vila Sésamo até 2027, mas que a 55ª temporada seria a última transmitida com exclusividade, apesar de já ter anunciado que haveria mudanças e novidades na 56ª temporada. O acordo foi reduzido para um pagamento de apenas seis milhões de dólares por ano pelo acesso à biblioteca.

Personagens e trabalhadores da ‘Vila Sésamo’ em uma imagem de 1989 – Foto: Arquivo Hulton (Getty Images)

A Netflix, por outro lado, quer se concentrar nos espectadores mais jovens e pretende oferecer muito mais conteúdo para crianças. De acordo com dados que eles tornaram públicos, a programação infantil e familiar representa até 15% do tempo de exibição de seus 300 milhões de assinantes. De fato, desde nesta segunda-feira (19), quando anunciaram Vila Sésamo, também estão transmitindo nos Estados Unidos outro clássico infantil, Peppa Pig, e anunciaram que também estão lançando, ao mesmo tempo, um jogo baseado na famosa série britânica de 2004. Chama-se Peppa Pig’s World e contém minijogos, quebra-cabeças e livros de colorir e adesivos em diferentes níveis, pensados ​​para crianças entre dois e oito anos e que “interagem com seus personagens favoritos em um ambiente familiar”, segundo seu comunicado, além de “desenvolverem habilidades motoras e cognitivas”. “Se nos concentrarmos em trazer coisas familiares ao nosso serviço, isso ajudará nossos assinantes a entender o que oferecemos”, disse a chefe de jogos da Netflix, Lisa Burgess, à Variety.

“Estamos felizes em anunciar que todos os novos episódios da Vila Sésamo chegarão à Netflix em todo o mundo, junto com os episódios da biblioteca, e os novos episódios também estrearão no mesmo dia nas estações PBS e PBS Kids”, explicou a Sesame Workshop, que não divulgou o acordo financeiro com a plataforma liderada por Ted Sarandos. “O apoio da Netflix, da PBS e da Corporation for Public Broadcasting serve como uma parceria público-privada única para permitir que a Vila Sésamo continue ajudando crianças ao redor do mundo a se tornarem mais inteligentes, fortes e gentis.” Em uma declaração separada, a CEO da Sesame Workshop, Sherrie Westin, explicou que o acordo “é digno de comemoração”, mas acrescentou que “a economia desses acordos é muito diferente daquela do passado, dadas as mudanças drásticas no mercado e no cenário da mídia nos últimos anos”. Ele também agradeceu a “todos os membros da equipe que trabalharam incansavelmente para chegar a este acordo”. “Não foi fácil”, reconheceu.

A próxima temporada contará com novos episódios e “novas mudanças de formato”, eles dizem; Na verdade, cada episódio de 11 minutos se concentrará em uma história, desenvolvendo-a com mais profundidade e com uma dose maior de humor. Algumas seções que haviam desaparecido, como o Mundo de Elmo, retornarão. Também haverá novidades: o adorado monstro abrirá seu próprio carrinho de biscoitos, e você poderá explorar o jardim de fadas de Abby.

Vila Sésamo em sua “Versão brasileira”

A série infantil original começou a ser transmitido em 12 de outubro de 1972. A ideia de criar a adaptação do Sesame Street foi de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho (Boni), então diretor da Central Globo de Produções (uma divisão da TV Globo), e de Claudio Petraglia, diretor da TV Cultura de São Paulo. Na época, a TV Cultura e a TV Globo estavam bastante interessadas em adaptar o programa norte-americano. Como a TV Globo inicialmente não tinha estúdios para filmar o seriado, foi criada uma parceria entre as emissoras. Eis o motivo de Vila Sésamo ter sido exibida pelas duas emissoras até 1974, quando a TV Globo assumiu totalmente a produção do programa.

Milton Gonçalves (Professor Leão), Armando Bógus (Juca), Sônia Braga (Ana Maria), Aracy Balabanian (Gabriela) e Manuel Inocêncio (Seu Almeida) – Foto: Arquivo/Reprodução

Conseguidos os direitos da Children’s Television Workshop, Vila Sésamo teve sua estreia na TV. Era exibido às 10h45 e 16h, e durava de meia a uma hora. Era um programa que trazia noções educativas para as crianças, mas de um modo que não fosse chato, que mesclava a educação com a diversão e uma boa dose de humor. O cenário, era uma vila onde pessoas e bonecos conviviam com crianças. Ao longo das três fases do programa, eram abordados temas diferentes como as letras, os números, as cores, a higiene, o respeito no trânsito, e outros. Tudo isso acompanhado de desenhos animados e canções compostas pelos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle.

Foi a partir de 1973 que Vila Sésamo foi completamente nacionalizada. Foi nesse ano que surgiram as versões brasileiras dos famosos bonecos Garibaldo, Gugu e Funga-Funga. Estes bonecos, que marcaram a televisão brasileira, foram confeccionados pelo premiado dramaturgo, cenógrafo e figurinista Naum Alves de Sousa (1973 a 1977), que adaptou as personagens da versão original norte-americana para a televisão brasileira.

Uma outra novidade era as participações de crianças carentes entre 3 e 10 anos. As únicas cenas não produzidas no Brasil eram as dos bonecos criados por Jim Henson (Muppet Show), personagens do Sesame Street.

Com o tempo, surgiram novas temáticas e novos personagens. Foi um grande sucesso infantil na TV brasileira. Vila Sésamo só deixou de ser exibida em 1977, por causa dos altos custos da produção e também pelo fim do contrato com a emissora norte-americana. Sua última exibição foi em 4 de março de 1977.

O cenário de Vila Sésamo era uma vila operária onde conviviam crianças, adultos e bonecos. Muitos destes personagens são lembrados até hoje pelas pessoas que assistiram ao seriado quando crianças.

Personagens

Havia Garibaldo, um pássaro gigante bastante levado e desengonçado, que adorava aprender coisas novas. Ele vivia discutindo com Gugu, um boneco bem mal-humorado, que não gostava de sair do barril em que morava. Também existia o Funga-Funga, um Tamanduá bem estranho, que adorava cantar e vivia deprimido, pois não o viam como gente. Era o amigo imaginário de Garibaldo, portanto só aparecia para o amigo e para as crianças.

Além dos bonecos, existiam personagens adultos. Havia o Juca, um operário que sabia consertar qualquer coisa; ele era casado com Gabriela, uma moça graciosa, que gostava de praticar ginástica e era uma grande cozinheira. Havia Ana Maria, a professora da escolinha de Vila Sésamo, bastante animada e divertida, era a namorada de Antônio, um motorista de caminhão. Ainda existia o Seu Almeida, dono da venda da vila.

Esses eram os principais personagens do programa, mas ao longo das três fases, Vila Sésamo recebia cada vez mais personagens, pois ainda havia o Edifício, o Professor Leão, o Bruno, o Jujuba, o Marinheiro, o Bidu e muitos outros.

Fases do programa

De 1972 a 1977, Vila Sésamo teve ao todo três fases:

Vila Sésamo I (1972 a 1974) – Foi a fase de estreia do programa, quando ainda era exibido pela TV Cultura e pela Rede Globo. Nesta fase, se cumpriam todas a normas da emissora norte-americana. Por isso eram exibidas um maior número das cenas do Sesame Street, e a apresentação de quadros temáticos em ordem repetitiva. Mas foi a partir de 1973, que Vila Sésamo foi totalmente nacionalizada, com novos personagens, novas músicas, novos roteiros… Uma verdadeira “revolução nacional” no programa. Durou até o ano de 1974, quando a Rede Globo assumiu toda a produção do seriado.

Vila Sésamo II (1974 a 1975) – Nesta fase, foram adquiridos novos quadros temáticos, os cenários foram ampliados e Vila Sésamo contou com aproximadamente 800 crianças.

Vila Sésamo III (1975 a 1977) – Na terceira e última fase do programa foram acrescentados novos personagens, além de mais novas temáticas. As únicas cenas não feitas na produção eram as cenas entre Ênio e Beto (cenas do seriado original). Com o fim desta fase, também veio o fim do programa.

Elenco

  • Laerte Morrone (Garibaldo)
  • Roberto Orozco (Gugu)
  • Armando Bógus (Juca)
  • Aracy Balabanian (Gabriela)
  • Sônia Braga (Ana Maria)
  • Flávio Galvão (Antônio)
  • Manuel Inocêncio (Seu Almeida)
  • Marcos Miranda (Funga-Funga)
  • Tilim (Zé das Latas)
  • Paulo José (Shazam e Mágico )
  • Flávio Migliaccio (Xerife e Edifício)
  • Milton Gonçalves (Professor Leão)
  • Ayres Pinto (Cuca)
  • Luiz Antônio Angelucci (Bruno)
  • Alexandre Moreno (Elmo)
  • Guilherme Briggs (Beto)
  • Sérgio Rufino (Ênio)
  • Marcelo Garcia (Cacto)
  • Luiz Carlos Persy e logo Alex Minei (Come-Come)
  • Nuno Leal Maia (pedreiro)
  • Sandra Bréa (professora de ginástica)
  • Antônio Abujamra (Diretor)

Bonecos

  • Teresa Cristina (Pipoca)
  • Elany Del Vechio (Jujuba)
  • Sônia Guedes (Marocas)
  • Antônio Petrin (Marinheiro)
  • Henrique Lisboa (Sabichão)
  • Aziz Bajur (Bidu)

Com agências