AnúncioAnúncio

Justiça

São Paulo

Tarcísio diz que PM que jogou homem de ponte será expulso e admite que estava ‘errado’ sobre câmeras

A Justiça Militar decretou a prisão do policial flagrado jogando um homem rendido de uma ponte na Zona Sul de São Paulo. O soldado Luan Felipe Alves Pereira prestou depoimento na Corregedoria da PM hoje nesta manhã (5) e já ficou detido. Governador de SP também reconheceu a necessidade de fazer com que policiais entendam que o combate firme contra o crime não é salvo conduto para cometer ilegalidades.


O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta quinta-feira, 5, não ter dúvidas de que o policial militar que atirou um homem de ponte na zona sul de São Paulo será expulso da corporação. O soldado Luan Felipe Alves Pereira foi preso nesta manhã após pedido feito pela Corregedoria da PM à Justiça Militar. Ele também admitiu ter errado em sua avaliação inicial sobre a eficácia das câmeras nas fardas dos agentes de segurança e reconheceu a necessidade de estudar aperfeiçoamento da corporação.

“Ele já foi conduzido à prisão, está no presídio militar, no Romão Gomes, vai ficar preso, vai ser expulso da corporação, não tenho dúvidas disso”, afirmou Tarcísio durante a inauguração do Centro de Transplante de Medula Óssea do Icesp.

Continua depois da Publicidade

A defesa do PM disse, em nota, que esse não é um “processo penal democrático” e afirma ver na prisão “claro viés de antecipação de culpa”.

O caso do homem arremessado da ponte não foi isolado. Além dele, houve denúncias sobre as mortes por policiais de uma criança de 4 anos na Baixada Santista, de um estudante de Medicina baleado em um hotel da capital e de um homem atingido nas costas após tentativa de roubo em um mercado. Diante desse cenário, Tarcísio defendeu mudanças na PM.

“O discurso de segurança jurídica, que a gente precisa dar para os profissionais da segurança pública, para os agentes de segurança para combater de forma firme o crime, não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa, para descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar. Tem uma hora que a gente tem que chamar a corporação: Espera aí. O que está acontecendo? Vamos redesenhar isso aqui.”

O governador também admitiu falhas pessoais, como no caso das câmeras nas fardas. No primeiro ano de sua gestão, ele chegou a questionar a eficácia do dispositivo.

“A questão das câmeras: eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiencia pretérita que tive, que não tem nada a ver com a questão da segurança publica. Hoje estou absolutamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial. Vamos não só manter, mas ampliar o programa.”

Ele defendeu ainda um estudo para entender o que é necessário fazer em termos de comparação com outras polícias: reciclagem, compra de armamento não letal, além do uso de mais câmeras.

Polícia passa a usar equipamento que permite interromper gravação

Neste mês, a PM de São Paulo passa a usar um novo modelo de câmeras nas fardas que permite ao agente de segurança interromper a gravação durante uma ocorrência. Esses equipamentos foram comprados após edital da gestão de Tarcísio publicado em maio. A tecnologia anterior, adotada no Estado desde 2020, não permite pausas na gravação.

Especialistas apontam que a brecha pode prejudicar a qualidade e a eficácia do registro da ocorrência. Questionado sobre o assunto, o governador negou afrouxar o programa, alegou que o acionamento também poderá ser feito remotamente, e disse que os equipamentos serão substituídos gradativamente.

“A gente não pode achar que estou querendo afrouxar o programa porque lá trás eu tinha uma visão errada, equivocada. Eu admito, estava errado. Eu me enganei. Não tenho problema nenhum de chegar aqui e dizer que eu me enganei, que eu estava errado, que tinha um visão equivocada sobre a importância das câmeras, que eu mudei absolutamente a posição, e que eu vou fazer com que a implantação seja um sucesso e funcione realmente para o fim que ela serve, que é proteger o cidadão, o bom policial”.

“Enquanto a gente não estiver seguro com relação à tecnologia, a gente não descontinua as câmeras que existem, que estão funcionando. Elas vão continuar em operação. (…) Só vai haver essa substituição gradativa a medida que a gente estiver muito confortável com a nova tecnologia que está chegando.”