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Cheia dos rios atinge mais da metade dos municípios do Amazonas e afeta mais de 370 mil pessoas

Defesa Civil aponta que nove calhas fluviais seguem em elevação; situação de emergência já foi decretada em 36 cidades.


Santa Isabel do Rio Negro, um dos municípios mais isolados do Amazonas – Foto: Reprodução

A cheia dos rios no estado do Amazonas já afeta diretamente 36 municípios, colocando mais de 371 mil pessoas em situação de vulnerabilidade, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil divulgado nesta sexta-feira (6).

O fenômeno, que ocorre anualmente, está sendo intensificado em 2025 por conta das chuvas e da recuperação hidrológica após a seca histórica de 2024.

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As nove calhas de rios que cortam o estado – incluindo Solimões, Negro, Juruá, Purus e Madeira – continuam com níveis em elevação. Os picos de cheia são esperados entre março e julho, dependendo da região.

Com 62 municípios no estado, mais da metade já decretou situação de emergência. Outros 22 estão em estado de alerta, Lábrea em atenção, e apenas três seguem em condição de normalidade.

Em cidades como Santa Isabel do Rio Negro, a água já invadiu ruas, casas e vias de acesso ao porto, paralisando parte da atividade econômica local. Segundo a Defesa Civil municipal, o nível do Rio Negro chegou a 7,3 metros nesta sexta-feira, comprometendo áreas urbanas e rurais.

O Governo do Estado já enviou 250 toneladas em cestas básicas – Foto: 

Municípios afetados estão distribuídos em várias bacias:

  • Rio Juruá: Guajará, Ipixuna, Itamarati, Eirunepé, entre outros

  • Rio Purus: Boca do Acre

  • Rio Madeira: Borba, Apuí, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã

  • Rio Solimões: Coari, Tefé, Fonte Boa, Santo Antônio do Içá, entre outros

  • Rio Negro: Itacoatiara, Boa Vista dos Ramos, Santa Isabel do Rio Negro

Consequências para populações interioranas podem ser severas

Para os municípios do interior, especialmente aqueles com infraestrutura limitada, a cheia traz impactos graves na segurança alimentar, saúde pública e mobilidade. A perda de lavouras, o isolamento de comunidades ribeirinhas e a interrupção de serviços essenciais, como transporte escolar e abastecimento de mantimentos, são desafios já observados.

Além disso, doenças transmitidas pela água e o deslocamento de famílias para abrigos improvisados tendem a aumentar a pressão sobre os sistemas de saúde locais, muitas vezes já fragilizados.

Especialistas alertam que a combinação de eventos extremos – como seca severa seguida de cheia intensa – pode se tornar mais frequente nos próximos anos devido às mudanças climáticas, exigindo maior planejamento e investimento em resiliência para os municípios interioranos.

Saúde

A Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) enviou, na quarta-feira (04/06), para o município de Anamã (a 165 quilômetros de Manaus), uma embarcação adaptada em uma balsa, para funcionar como hospital.

O município está em estado de emergência, devido à cheia dos rios. Também na quarta-feira, o Barco Hospital São João XXIII saiu de Manaus para prestar atendimento durante uma semana na cidade.

A SES-AM também já enviou 72 kits de medicamentos para os municípios de Apuí, Boca do Acre, Manicoré, Humaitá, Ipixuna, Guajará e Novo Aripuanã, beneficiando mais de 35 mil moradores dessas cidades.

Operação Cheia

A Operação Cheia 2025 foi iniciada, no dia 16 de abril, com o anúncio do governador Wilson Lima sobre o envio de ajuda humanitária para a calha do rio Madeira, atendendo, inicialmente, os municípios de Humaitá, Manicoré e Apuí, as primeiras cidades a decretarem Situação de Emergência em função da cheia.

A Defesa Civil do Estado informa que o monitoramento da cheia é contínuo e realizado pelo Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil, responsável por acompanhar os níveis dos rios ao longo de todo o ano.

Boletim Cheia 2025